Foi num inverno que nasceu a menina bela
Contrariando a estação, veio primavera
Tão luminosa que já veio sabendo brilhar
Mesmo inconsciente da sua capacidade de amar
Foi no domicílio do Sol que pela primeira vez os olhos abriu
E fez da condição humana o maior prazer que já sentiu
Ignorou a maldade dos homens porque se tornou amiga da vida
Tão generosa que sua luminosa presença sempre foi sentida
Por excesso de empatia muitas vezes ignorou as próprias necessidades
Mas com sabedoria encontrou o tempo e a hora de fazer suas vontades
Quem viu de longe talvez não tenha entendido tanta insistência
Em ver a vida como uma continuidade da benevolência
A menina do sorriso grande e seu excesso de vida
Tão nobre e tão humilde que ajudou a quem pedia
Há quem diga que ela era boa demais pra ser como nós
Tolos, não viram que ela não sabia ser atroz
Uma "fada". Atrapalhada, apressada, empolgada
Sabia que a Terra era uma temporária morada
Um exagero de existência... um exagero leve
Um coração que de fato sempre foi entregue
A menina do sorriso grande é um excesso de vida
Tão pequenina, tão gigante e tão sentida
E se perguntarem o motivo que a fez partir sem se anunciar
Direi calmamente: era mais vida do que a vida pode suportar.
(Em memória da minha querida amiga e eterna menina Clara Villas Bôas, que nasceu primavera num inverno e escolheu a primavera para partir. 09/08/1960 - 04/11/2014)
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