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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Rearview Mirror da Saladificador: As trilhas sonoras internacionais da década de 90, parte 1 (1991-1995)

     Tudo lindo, gente linda? Apesar de com o passar dos anos eu ter me tornado alguém avesso a dar opiniões por entender que não sou e nem pretendo ser formador de opinião alguma, considerei razoável fazer uma reedição da análise que fiz 12 anos atrás sobre as trilhas sonoras internacionais dos anos 90 (que começam por 1991 e vão até 2000). A ideia é fazer justiça a análises que, olhando hoje, considero insuficientes, superficiais e passionais/emocionais demais. Vamos começar? O critério será o seguinte: ★ (ruim), ★ (regular), ★ (boa), ★★★★ (muito boa) e ★★★★★ (excelente).


1- Araponga Internacional (1991) ★★★★★

    A primeira trilha sonora internacional de 1991 foi lançada nos primeiro dias de 1991 e ficou pronta em dezembro de 1990, mas como só viu a luz do dia depois de 7 de janeiro, entra aqui. Muitos fãs de coletâneas hit parade torceram o nariz para o repertório do disco, que contém gravações de (seguindo a ordem das faixas): 1966, 1965, 1967, 1967, 1968, 1963, 1990, 1971, 1967, 1965, 1970, 1961, 1989 e 1990. Seus detratores reclamam de ser um disco com músicas antigas para uma novela moderna, mas o contexto aqui era de espionagem policialesca, o que faz com que cada faixa do disco case perfeitamente com a proposta da novela. Sem mencionar que são grandes clássicos. 12 das 14 faixas foram sucesso em algum lugar do mundo. Mas, muito mais do que um disco recheado de hits, é um disco de inegável qualidade, contendo a presença de Johnny Rivers, April Stevens, The Association, Aretha Franklin, Donovan, Henry Mancini, Bee Gees, The Monkees, The Byrds, The Square Set, Ben E. King e Jigsaw. Só papa fina, meus bacanos, só papa fina.

2- Meu Bem, Meu Mal Internacional (1991) ★★★★

    Exatamente um mês depois de Araponga Internacional, foi a vez de, na primeira quinzena de fevereiro de 1991, vir ao mundo a trilha sonora internacional da novela Meu Bem, Meu Mal. Confesso que, se dependesse da minha vontade, eu daria nota máxima a este disco, por ele fazer parte da minha infância. Mas preciso ser justo e reconhecer que, mesmo diante de sua inegável qualidade, há leves tropeços. Quais são eles? Malcolm Forest e Robertinho de Recife aqui assumindo o pseudônimo de Rick Melch. Há problema com eles? Não necessariamente, mas há um certo clima destoante nas canções "We" e "Strangers". A primeira possui uma boa letra, pois o paulistano Malcolm Forest é de fato um bom compositor, mas algo em seu arranjo faz a música soar inacabada. No caso de "Strangers" com Robertinho, o problema é o excesso (de efeitos) e não a falta. Agora, os hits: "Being Boring" com Pet Shop Boys, "Tom's Diner" no remix de DNA aproveitando a gravação original a capella de Suzanne Vega, de 1987, Will to Power regravando 10cc numa releitura criativa, Erasure e Betty Boo trazendo mais animação, The Righteous Brothers regravando seu grande sucesso "Unchained Melody", que voltou ao gosto popular por aqui por causa do filme "Ghost", Pianonegro e Locomía trazendo suas músicas homônimas (e Locomía aconteceu antes no SBT, no final de 1989), MC Hammer regravando "Have You Seen Her" e INXS com "By My Side". Há ainda William Pitt e Fred Bongusto em bons registros, ambos extraídos de LP.

3- Lua Cheia de Amor Internacional (1991) ★★★★★

    As águas de março que fechavam o verão de 1991 também trouxeram o disco internacional da novela Lua Cheia de Amor que, apesar de ter um leve tropeço no final, não perdeu sua nota máxima. O motivo? 12 das 14 faixas tocaram nas rádios pelo Brasil. Tá bom ou precisa de mais? O disco abre muito bem com Elton John e sua You Gotta Love Someone, tão bem editada que nem dá pra sentir falta do final suprimido. Seguimos com Snap e um hit menor, mas não menos empolgante e The Dream Academy trazem uma interessante regravação de John Lennon, reunindo duas músicas em uma: Love com #9 Dream (toda a letra a partir de "took a walk down the street" até o dialeto criado pelo próprio Lennon no trecho "ah, bowakawa, poussé poussé" são parte de #9 Dream), The Real Milli Vanilli com o único hit depois do escândalo por trás da farsa orquestrada por Frank Farian, George Michael, Howard Thomas mandando bem mesmo sendo cosa nostra, Chayanne, um Roberto Carlos estreando em trilhas sonoras depois de muita luta, New Kids on the Block, The Soup Dragons, Kenny Rogers, Black Box e Whitney Houston são mais que suficientes para garantir uma avaliação generosa com o disco. A última faixa, se não estivesse ali, não faria falta, mas não fere ninguém.

4- Salomé Internacional (1991) ★★

    Essa é, sem dúvida nenhuma, uma das injustiças que eu precisava reparar em relação ao post de 12 anos atrás, pois afirmo sem medo de errar: a trilha sonora internacional de Salomé é um disco realmente bom. Por que? Ora, porque o conceito de trilha sonora é servir bem à novela e não aos caprichos de colecionadores ou fãs que querem reinventar a roda. Apesar de o disco nacional ter vindo recheado de - ótimas - músicas modernas, fazia todo sentido que sua trilha sonora internacional viesse recheada de standards que remetessem ao clima da novela de época. E não pensem vocês que é qualquer standard aqui: temos With a Song in My Heart com Doris Day, (I'm) Consfessin' (that I Love You) com Perry Como, Johnny Mathis arrebatador em sua interpretação de I'm in the Mood for Love, Ray Anthony e sua orquestra com a emblemática Adiós, Andy Williams com As Time Goes By, Eydie Gormé com nada menos que Cuando Vuelva a Tu Lado (canção que deu origem, anos mais tarde, a What a Difference a Day Made/Makes), The Righteous Brothers regravando Ebb Tide, Lena Horne em sua melhor interpretação de Stormy Weather, sem mencionar Dalida sempre mágica em La Mer... e ainda assim temos de ler muita gente comentando que é uma trilha sonora fraca? Olha, sinceramente... fraca só se for pra quem prefere coletânea de hit parade em vez de trilhas sonoras. Mesmo as regravações de Sarah Johnson (Sarah Regina) para Tea for Two e Sweet Memories para I Only Have Eyes for You trazem uma jovialidade interessante a standards inconfundíveis. Talvez o único momento "o que foi que aconteceu aqui?" seja This Night Was Made for Dancin' com Roger Whiteman, mas nada que afete muito.

5- O Dono do Mundo Internacional (1991) ★★★

    Aqui, acontece o contrário do que sinto em relação a Meu Bem Meu Mal Internacional: não tenho a maior boa vontade do mundo com este disco, mas não posso me furtar de dar a nota máxima, pois tudo aqui está no lugar, inclusive as faixas 6, 7 e 13 que, apesar de serem coisa do Brasil, são papa fina. O disco abre muito bem com o dueto virtual de pai e filha (Nat King e Natalie Cole) em Unfortgettable e segue muito bem com Londonbeat e sua I've Been Thinking About You. Vanilla Ice traz um hit moderado em I Love You, aqui presente na versão single, bem difícil de se achar. Enigma e sua Sadeness na verdade tocaram em Vamp, em sua primeira semana, no mês anterior ao lançamento deste disco. Ainda assim, ótimo momento. Susanna Hoffs, recém-saída das Bangles, mandou bem em Unconditional Love. As faixas de Jeff Rubin e Byron Prescott (Mário Lúcio de Freitas) são realmente muito boas, mesmo sendo cosa nostra. Rick Astley, C+C Music Factory, Rod Stewart, Nelson, Vaya con Dios (com um leve defeito na introdução, em todos os formatos) e The Cover Girls, atrasadinhas de 1986 dão o tom de um disco recheado de ótimos momentos. A décima terceira faixa, de uma banda que se intitula Revoc (ou Cover, ao contrário) nada tem de cover: é uma música bem arranjada e bem produzida, para o que se fazia aqui no Brasil. The Day That Love Died merece uma atenção especial.

6- Vamp Internacional (1991) 
    Eu gosto dessa trilha sonora. De verdade. Desde sempre, mas... preciso ser justo: não é das melhores. Seja pelas poucas (mas ferozes) edições em trechos complicados das faixas 3 e 4, seja mesmo pela pouca presença de hits radiofônicos numa novela que foi um tremendo sucesso de repercussão, há coisas aqui que estão deslocadas. O disco começa muito bem com Skid Row e I Remember You, ligeiramente atrasada de 1989, segue muito bem com a regravação de Cher para Love Hurts, empolga muito com Lisa Lisa & Cult Jam (sem o "the") e Let The Beat Hit'em, mas... leva um corte esquisitaço em um fade out de 30 segundos que tiram uma parte do brilho da música, que é maravilhosa. A tesoura implacável ataca mais ferozmente ainda em One Inch of Heaven dos Silencers, num trecho onde se percebe que a letra da música se encaminhava para a ponte, que não acontece aqui. Dos seus 7:30 originais, a faixa perdeu mais de 3 minutos e se encerrou em 4:09. E é uma música lindíssima, mas que perdeu muito de seu brilho. O disco ainda conta com gravações irreverentes e quase exclusivas nas faixas 5 e 6, traz Louis Armstrong fechando a primeira parte e Deborah Blando estreando em trilhas sonoras com sua divertida - e boa - regravação de Boy (antes Girl). Chris Isaak marca presença com sua emblemática Wicked Game e é sucedido por Tony Garcia em Another Night, aqui na versão álbum, menos conhecida. Kenny Loggins manda bem em Will of the Wind e Lenny Kravitz, também estreando em trilhas sonoras, vem com It Ain't Over 'Til It's Over. O disco é fechado por Daniel Estephan e Robert Thames, ambos cosa nostra.

7- Felicidade Internacional (1992) 

    Eu realmente gosto desse disco. Na verdade, acho que gosto de quase tudo. Mas tem uma série de tropeços aqui que me levam a necessidade de ser justo em relação ao conjunto da obra: não é tanto pelos cortes nas faixas, aqui bem mais generosos, mas sim pela escolha das faixas enchedoras de linguiça e pela masterização esquisita das duas últimas faixas, em todos os formatos. Reitero que meu critério de avaliação não se baseia no que foi ou não hit, mas sim na harmonia do conjunto. O disco começa bem com PM Dawn e sua Set Adrift on Memory Bliss, sutilmente cortada e causa alguma estranheza com Caminando por La Calle com Gipsy Kings. Vejam bem: gosto deles. Mas a faixa em questão sequer contextualiza bem com a novela. Diferente de Theme from Dying Young do Kenny G que casou perfeitamente bem com a novela, aqui editada em fade out. Peace, do Jimmy Cliff, editada em -25 segundos, mas de maneira bem inteligente, serviu bem à novela, apesar de sua letra falar sobre desigualdade social. Michael Bolton, Winger, BB King em estado de graça, Roberta Flack & Maxi Priest e Martika trazem brilho ao disco, que ainda conta com a presença de David Torres extraído de LP em No Regrets, Collin Eldridge num inglês muito difícil de se engolir em Breakin' the Walls, Teenagers assassinando Be My Baby numa regravação realmente infeliz, Danny Richard romantizando um pé na bunda em I Just Want a Way to Say Goodbye, que tem problemas em seu final e Tom Capone, aqui no projeto Tomacdú fecha o disco com Touch Without Touching, que tem problemas em sua introdução.

8- Perigosas Peruas Internacional (1992) ★★★
    Apesar de um leve tropeço no final, não tem como não levar nota máxima. Primeiro CD desde o final de 1990 a vir com as faixas maiores que no LP/K7, o disco com a trilha sonora de Perigosas Peruas foi lançado em maio de 1992 e trouxe grandes sucessos de The Farm, Roxette, Right Said Fred, Zucchero, Lisa Stansfield, Red Hot Chili Peppers, Julio Iglesias, Information Society, 2 Unlimited, Eric Clapton, Genesis e Deborah Blando. 12 das 14 faixas tocaram pelas rádios brasileiras. As faixas 6 e 13 são brasileiras, mas a faixa 6 não compromete em nada: é um rock romântico despretensioso, o vocalista não tem um bom inglês, mas não compromete. I Just Wanna Have You de Megabeat é bem ok. Quanto a Garry Thorts... gente, ninguém nunca percebeu que é o próprio Mário Gomes cantando ali? Tá bem evidente, isso. Até canta direitinho. Mas a música deixa a desejar pelo arranjo. De qualquer forma, não afeta a qualidade do conjunto da obra.

9- Despedida de Solteiro Internacional (1992) ★★ 
    É um bom disco, na verdade muito bom. Mas não leva nota máxima por alguns fatores. Vejam bem: nada tenho contra artistas brasileiros em trilhas sonoras internacionais, mas o que aconteceu em Sweeter than You de Chris Shelton chega ser desleixo: alguém poderia ter treinado melhor a vocalista para que o seu som de "th" não soasse como "d". Me incomoda muito. Mas vamos às partes boas: o disco abre com Donna Summer realmente solar em Breakaway, em seu mix original de 1989, segue com Lionel Richie em Do It to Me e traz Double You estreando em trilhas sonoras na regravação de Please Don't Go, que depois de 33 anos passados, tem mais a cara de Double You do que de KC and the Sunshine Band. Des'ree também estreava em trilhas sonoras, mas Why Should I Love You deveria estar no final do disco, não no começo. Annie Lennox, recém-saída dos Eurythmics, faz seu nome em Why. Ten Sharp marca presença com a versão single de You, hoje impossível de se achar no streaming, pois em todos os lugares só se ouve a regravação. Right Said Fred, Mr. Big, Gazebo, Shakespears Sister, Brigitte Nielsen, Curtis Stigers e DJ Memê completam o disco.

10- De Corpo e Alma - Internacional (1992) ★★★

    Apesar de haver dois tropeços no final, é um disco que reúne 13 hits em 15 faixas. Logo de cara, abre com Snap! e a versão single de Rhythm Is a Dancer, para depois vir Elton John com The One. Voltando pra parte animada, Arrested Development trazem Mama's Always on Stage, que na realidade, trata-se de uma música contra o aborto. Red Hot Chili Peppers marcam presença com Under the Bridge e Swing Out Sister trazem sua leitura de Am I the Same Girl. Crucify de Tori Amos é um grande momento do disco, mas longe de ser o único. Goddess e sua Sexual trazem à tona o clima do clube das mulheres da trama. Caruso, de Lucio Dalla, veio com 6 anos de atraso, pois havia sido lançada em 1986, mas combina perfeitamente com a novela. Simply Red e Babyroots marcam suas presenças com For Your Babies e Rock Your Baby (no disco, foi erroneamente grafado Rock Me Baby por causa da alteração da letra da música, mas o título é o mesmo. Percebe-se que a faixa foi extraída de LP, também). The Cover Girls regravam Wishing on a Star de maneira muito feliz, mas... infelizmente, a música ficou marcada como tema de Yasmin, personagem de Daniella Perez, brutalmente assassinada em 28 de dezembro de 1992. Nabby Clifford, debutando em gravações digitais por aqui no Brasil, manda Sweet Ragga Music. Richard Marx vem com Hazard, música que narra um eu lírico acusado de assassinar Mary, mas que jura inocência. Olhando em retrospecto, mais uma triste coincidência da trilha sonora. Franco Perini, sob o pseudônimo de Traffic Lights vem com Command e Clericó con Cola fecha o disco com a versão em português de Te Ves Buena, intitulada Você Tá Muito Boa. Ah, sim: Franco Perini não é brasileiro, é italiano. Command é sua primeira aparição nas nossas trilhas sonoras internacionais. Suas primeiras aparições foram na trilha sonora nacional de Perigosas Peruas.

11- Deus nos Acuda Internacional (1992) ★★★

    Sou totalmente suspeito pra falar dessa trilha sonora porque, ao lado de Meu Bem Meu Mal Internacional, é outra que marcou minha infância. Mas aqui, o caminho pra nota máxima não encontra empecilhos. O disco abre com Charles & Eddie e seu único hit Would I Lie to You, em versão single. Shabba Ranks precisou contar com a presença de Chevelle Franklyn na regravação de Mr. Loverman em grande gravadora, pois Deborahe Glasgow, a vocalista da primeira versão, padecia de um tumor grave que ceifaria sua vida pouco tempo depois. The Cure traz Friday I'm in Love e na quarta faixa David Sanborn anima pra valer com Bang Bang. Dan Hill, por sua vez, fez mais sucesso na Argentina do que por aqui, justamente pela inclusão de I Fall All over Again em Deus nos Acuda. Louis Armstrong, apesar de vir diretamente de 1958, traz todo o tom da personagem Baby de Gloria Menezes em I Get a Kick Out of You. Bola dentro. Franco Perini aparece aqui duas vezes, primeiramente em Hard Fight sob o pseudônimo de Lorrie Company e depois fechando o disco com Frantic Temptation sob o pseudônimo de Peter Trad. Ambas instrumentais são boas e não comprometem a qualidade do disco. Information Society abre a segunda parte com Crybaby, que não foi single e nem fez sucesso, mas é uma bela música. As meninas do En Vogue aparecem aqui na versão remixada de My Lovin' (You're Never Gonna Get It) e são sucedidas pelas meninas da Wilson Philips com You Won't See Me Cry (no disco, está erroneamente grafado Crying). Vanessa Williams regrava The Isley Brothers e manda bem na sua interpretação de Work to Do, sendo seguida por Bobby Brown e sua Good Enough. Deborah Blando traz aqui a versão single de Decadence avec Elegance, com novos vocais e nova mixagem, em comparação à primeira gravação de 1991. Na edição especial de A Different Story, prevaleceu a versão single.

12- Mulheres de Areia Internacional (1993) ★★
    O critério que prevaleceu aqui para não estabelecer a nota máxima se baseia no fato de que a trilha sonora, mesmo sendo maravilhosa, quase não foi utilizada na novela, a pedido da própria Ivani Ribeiro, que discordou da seleção. Como coletânea hit parade, é um disco perfeito, mas como trilha sonora, pouco ou nada gerou de identificação com a novela. As únicas a tocar dentro da novela foram as faixas de Faith No More, Bon Jovi, Ouriel (Clark) e Sade. O resto ficou no encerramento dos capítulos, quando subiam os créditos. Mais um disco de 15 faixas, fazendo par com De Corpo e Alma Internacional, traz muitos hits, começando por Faith No More regravando Commodores, seguindo por Inner Circle, Bon Jovi e Snap!, além de apostar em Ouriel como um dos carros-chefes do disco, com sua regravação de Let It Be Me. Clouseau é uma banda belga que havia gravado em 1991 um álbum em inglês, trazendo versões de suas músicas. Deste disco, saiu Close Encounters, antes Daar Gaat Ze, originalmente lançada em 1990. Kenny G fecha a primeira parte com Forever in Love. AS meninas Midi, Maxi e Efti abrem a segunda parte com seu único hit Bad Bad Boys. Tone Lōc vem resgatado de 1988 com Wild Thing e Elton John aparece na décima faixa com Simple Life, música que abre seu álbum The One, de 1992. Double You segue com grande êxito em Looking at My Girl. O álbum Love Deluxe, de Sade, lançado em 1992, abria com No Ordinary Love, que aqui figura na décima segunda faixa. Franco Perini aparece em dose dupla em "Latin Motion" sob o pseudônimo de Frank Shadow e assumindo o próprio nome ao fechar o disco em "The Colour of the Risk". Antes, Maxi Priest (mais uma vez, com o I comido de seu nome, como em Felicidade...) vem com a versão single de Groovin' in the Midnight.

13- O Mapa da Mina Internacional (1993) 
    Me dói o coração ter de dar essa avaliação, pois pessoalmente eu gosto muito dessa trilha sonora, mas... ela não funciona. Por que? Começamos pelo fato de que a novela tinha um clima bem mais ágil do que o clima que as faixas do disco entregam. Mas ainda tem também a improvável profusão de artistas brasileiros (nominalmente: Eddy Benedict, Red Sky, Oséas (primeiro sob o pseudônimo de Terry Barrett e depois sob as alcunhas de Tony Gibson e Carol Willians (sic), Sour One e Fast Soryard). Justiça seja feita: não são músicas ruins, mas não funcionam nem pra tocar em rádio de midbacks. Gordon Grody é estadunidense, então não entra nisso. De hits, temos Dark Is the Night com a-ha, Face in the Mirror com Glen Burtnik, Walking in My Shoes com Depeche Mode, Someone Like You com James Ingram, Come Back the Sun com Zucchero e o grande hit do disco: Goodbye, com Air Supply. Num disco de 14 faixas ter apenas 6 músicas mais conhecidas foi um risco e tanto e teve consequências previsíveis: vendeu pouco, não somente por não combinar com a novela, mas pelo baixíssimo tempo de divulgação: foi lançado em julho de 1993, pouco mais de um mês antes do final da novela, que já estava finalizada quando seu autor, Cassiano Gabus Mendes, faleceu em decorrência de um infarto. Reitero: não é um disco ruim, eu gosto de ouvir pra relaxar, mas... não ornou com a novela.

14- Olho no Olho Internacional (1993) ★★★
    É um ótimo disco, mas aproveitado de maneira irregular na novela. Começa muito bem com 4 Non Blondes e seu maior hit What's Up, depois segue com a versão single de Boom Shack-a-Lak de Apache Indian, mas... olha, eu gosto da Trinere, mas ela sempre foi bem artista de nicho (freestyle) e Boy You're the One está longe de ser um sucesso. Gosto, mas entendo que não acrescenta tanto assim. Snow segue a trilha com Informer e é sucedido pelos mineiros da Easy Rider numa interessantíssima versão de How You Gonna See Me Now, de Alice Cooper. Isabelle Camille e MC RNT, ambos sob a batuta do produtor musical da novela Renato Ladeira (sendo MC RNT ele próprio) encerram a primeira parte do disco que segue com Stereo MCs e sua Step It Up. Take That estavam ficando cada vez mais famosos pelo mundo e aqui marcam seu debut em trilhas sonoras com A Million Love Songs. New Order e sua Regret são um ótimo momento no disco, também. Eros Ramazzotti, também estreando em trilhas sonoras, vem dando o seu nome em Cose Della Vita. Na décima segunda faixa, temos o remix para a versão single de Merry Go Round de Deborah Blando. Somente ano passado esta versão foi finalmente disponibilizada nas plataformas. Gilbert, apesar de ser talentoso, não foi muito feliz na sua regravação de Ça C'est Paris. Rozalla, injustamente editada em 23 segundos, fecha o disco com Are You Ready to Fly. É, oficialmente, o último disco de 1993.

15- Sonho Meu Internacional (1994) ★★★★★
    Se eu disser que algo está fora do lugar aqui, estarei mentindo. Tudo na medida certa, inclusive pela masterização infinitamente superior ao padrão da época. Lançado no final de janeiro de 1994, mas inexplicavelmente creditado ainda a 1993, o disco com a trilha sonora internacional de Sonho Meu, apesar de improvável, realmente tocou bastante na novela. Muitas músicas mais agitadas serviram como tema de locação, mas a Globo definitivamente buscou compensar a imposição da autora da novela antecessora de não inserir sua trilha sonora nas cenas. É um disco pra ninguém botar defeito, porque tem música pra todos os gostos, desde o pós-eurodance de Haddaway abrindo o disco com What Is Love até o rock que se pode conferir com Scorpions e Aerosmith, não esquecendo do romantismo rasgado de Gloria Estefan e Lucio Dalla. Mas é, basicamente, um disco feito pra dançar. Extremamente alto astral, diga-se de passagem.

16- A Viagem Internacional (1994) ★★★★★
    Um disco sem enche-linguiça. Tá bom pra vocês? Pra mim tá mais que ótimo! Peter Valentine, aqui no projeto Twenty Seven Heavens, entrega uma música exclusiva da trilha sonora, que é The Way I Feel. Mas vamos ao restante: Elton John e Paul Young abrem o disco com I'm Your Puppet, The Cranberries marcam seu espaço na segunda faixa com Linger, o maior sucesso do álbum de estreia Everybody's Doing It, So Why Can't We?, mas não para nisso: The Pretenders em ótima forma com I'll Stand By You, Chaka Demus & Pliers regravando Twist and Shout, Little Texas definitivo com My Love, Toni Braxton em início de carreira com seu primeiríssimo single Another Sad Love Song, Julio Iglesias regravando Crazy, Art Garfunkel regravando Why Worry, Haddaway na versão álbum de I Miss You, Tevin Campbell debutando em trilhas sonoras com Can We Talk, Korell com Paradise II, Marta Sánchez se juntando a Paulo Ricardo, participando com voz e guitarra em Desperate Lovers e, finalmente, B.V.S.M.P. fechando o disco com I Need You. Dispensa adjetivos, né?

17- Tropicaliente Internacional ★★★★★
    Discretamente, foi a primeira trilha sonora com bonus tracks. Explico: a versão em CD veio com duas faixas a mais, quando comparado com as versões em LP e K7. Recomendo ter em LP e CD, pois ambos valem a pena. Nada aqui é desperdício, tudo é ganho. Se desagrada fãs de hit parade, me agrada. E aqui tem qualidade pra dar e vender. Quatro das dezesseis faixas da trilha sonora pertencem ao álbum Querido Pablo de Pablo Milanés, de 1985, lançado em 1986 aqui no Brasil. São elas Quien Me Tienda una Mano al Pasar (erroneamente grafada Quien Me Tienda la Mano), Años (com Mercedes Sosa), De Que Callada Manera (com Ana Belén) e Canción por la Unidad Latinoamericana (erroneamente grafada Canción Unidad), que fecha o disco. Conta ainda com Gloria Estefan, Nat King Cole, Linda Ronstadt, Marie Claire D'Ubaldo, Luis Miguel, Santana, Eydie Gormé y Trio Los Panchos... só papa fina, do começo ao fim. 

18- Pátria Minha Internacional ★★★★★
    Defeitos aqui? Desconheço, honestamente. Mesmo com um quase tropeço na faixa 7, o conjunto da obra é muito feliz. Sheryl Crow abre o disco com uma bonus track da versão deluxe de seu álbum de estreia, uma regravação de All by Myself, sendo sucedida por Double You amadurecido em She's Beautiful, Boyz II Men figuram na terceira faixa com I'll Make Love to You e Inner Circle regravam Games People Play de maneira definitiva. Toni Braxton marca presença com seu outro single do álbum de estreia, dessa vez Breathe Again, fincando seus pés no estrelato que se confirmaria ao longo dos anos. Return to Innocence é uma das melhores faixas do projeto Enigma, de Michael Cretu. Angela Ro Ro havia gravado um álbum ao vivo pela Som Livre e, pelo jabá, sua regravação de Ne Me Quitte Pas parou aqui. Não compromete. DJ BoBo abre a segunda parte com a primeira versão de Everybody, sendo sucedido pelos one-hit wonders da Crash Test Dummies com MMM MMM MMM MMM. La Bouche, em plena ascensão, debuta com Sweet Dreams - um golaço da trilha sonora, já que levaria algum tempo pro sucesso do projeto se confirmar - e Renato Russo vem na sequência com a bela rendição de Send in the Clowns (e isso que eu nem gosto dele, viu? Ele realmente mandou bem aqui). Riccardo Cocciante retorna às trilhas sonoras depois de um longo hiato de 10 anos com Per Lei. West End Girls (sim, o nome da girlband é em homenagem aos Pet Shop Boys) comparecem com State of the Heart e o disco é encerrado pelo sempre talentoso Peter Valentine com Under the Illusion, exclusiva da trilha sonora.

19- Quatro por Quatro Internacional (1995) ★★★
    Tentei ser mais generoso com essa trilha sonora ao longo desses 30 anos, mas... gente, não dá. Ela é boa? É. Serve bem à novela, que foi um grande sucesso? Serve. Mas tem erros aqui. E nem falo pela indecência da letra da faixa 2, falo mesmo é de: faixa genérica da Paradoxx Music figurando na quinta faixa, alguém obscuro assumindo a identidade de Peter Valentine sem ser ele, perceptivelmente, revivals injustificados de Gordon Lightfoot e Smith (e são ótimas canções, mas não houve justificativa para essas faixas aqui) e, por fim, uma enche-linguiça de envergonhar fechando o disco. Os pontos positivos? Bon Jovi, N-Phase, Wet Wet Wet atrasadinhos de 1992, Double You, C+C Music Factory, Gloria Estefan e Masterboy. Eu gosto do disco, mas ele tá longe de ser inesquecível. Pra mim, não deu liga. Nem em 1995, nem em 2001 (quando comprei o CD), nem em 2013 (quando fiz a primeira análise, cheia de erros que busquei corrigir aqui), muito menos agora, 30 anos depois.

20- A Próxima Vítima Internacional (1995) ★★★★★
    Pensem numa trilha sonora maravilhosa. Tudo aqui está no lugar, inclusive o revival de I Got a Name, de Jim Croce, pela ocasião do relançamento de sua discografia pela gravadora Paradise, de curtíssima vida. Destaques? Muitos: FireHouse com I Live My Life for You, La Bouche com Be My Lover, Flava to da Bone regravando Bee Gees com uma releitura criativa de More than a Woman, Frente! regravando New Order com Bizarre Love Triangle, Annie Lennox regravando The Lover Speaks com No More I Love You's, Bobby Ross Avila regravando Al Green com Let's Stay Together (gente, cês podem perceber aqui que há várias regravações nessa trilha sonora, né? E não para por aí, tem mais a seguir), Terence Trent D'arby antes de virar Sananda Maitreya com Holding on to You, East 17 com Around the World e... mais uma regravação: Double You revisita KC and the Sunshine Band em That's The Way (I Like It). Scarlet marcam presença com a pungente Independent Lovesong, Martine crava o começo do fim do disco em grande estilo com Tough Girl e, finalmente, Alexis de San Nicolas regrava Ivan em Fotonovela. Ufa! Seis regravações da mais alta qualidade numa trilha sonora que realmente se tornou inesquecível em 30 anos.

21- História de Amor Internacional (1995) ★★★★
    Cês lembram que, alguns discos acima, mencionei que um dos critérios é a trilha sonora estar devidamente inserida na novela, certo? Pois bem: das 14 faixas deste disco, apenas a metade delas tocou na novela. Um lindo disco, mas que pouco serviu como trilha sonora. Fora que, a única música desnecessária do disco inexplicavelmente tocou na novela (The Place I Belong, de Martin Axell). Mas, como falei, é um disco excelente, abrindo com Des'ree e sua emblemática You Gotta Be, que não tocou na novela. Felizmente, Sheryl Crow e sua Run, Baby, Run tocaram até bastante para Sheila (Lilia Cabral). Mas... nadica de nada tocou de Fallin' in Love regravada por La Bouche. Chains, de Tina Arena, teve o mesmo infeliz destino. Ready to Go Home, uma das mais belas faixas do disco, com 10cc, nunca tocou também. Haddaway? Pode esquecer. Nadica de nada. Gloria Estefan, felizmente, tocou na sua regravação de It's Too Late, assim como Faith No More na sua regravação de I Started a Joke. Mesma felicidade acompanhou Can't Stop Loving You com Van Halen, mas voltamos à estaca zero na belíssima regravação de Beautiful South para Dream a Little Dream. Hootie & the Blowfish marca presença com Hold My Hand e logo depois temos Sect com a sempre lembrada Follow You (Crazy for You), que foi tema de locação. Ah, sim: foi aqui que Patrícia Coelho/Trisha Rabbit/Pat Lapin surgiu. Foi a primeira música em MPEG numa trilha sonora. Malcolm McLaren vem com a bela Paris Lutece Paname, com vocais de Catherine Deneuve. E fica por aí, porque a terrível faixa que fecha o disco já foi anteriormente citada.

22- Cara & Coroa Internacional (1995) ★★★★★
    Ao contrário do que possa parecer, essa trilha sonora é justificadamente cultuada, pelo mesmo critério que citei no disco anterior: execução na novela. Todas as faixas desta trilha sonora tocaram na novela e serviram com excelência à trama de Antonio Calmon. A função de uma trilha sonora é também ser em partes simbiótica e sinestésica com a obra que ela embala. E essa missão é cumprida com louvor por Cara & Coroa Internacional. Fora que a escolha de repertório foi feliz, começando por Andru Donalds e sua Save Me Now, seguindo animada com Mike & The Mechanics com Over My Shoulder... e, claro, a polêmica presença de Selena com I Could Fall in Love: ela havia sido assassinada no começo de 1995 e a repercussão de seu álbum póstumo Dreaming of You foi imensa, o que justifica completamente a inclusão de I Could Fall in Love aqui. Richy, ou Ricardo Sanz, traz com sua Set Me Free o que seria a segunda música de uma trilha sonora de novela a ser disponibilizada pela gravadora representante em MPEG, ou o famoso MP3, mas isso não apaga o brilho da música, apesar de ser algo indesejado. Jim Croce, já revisitado em A Próxima Vítima, volta aqui com I'll Have to Say I Love You in a Song. Peter Cetera, junto com Crystal Bernard, fica na sexta faixa com (I Wanna Take) Forever Tonight. Renato Russo, apesar de chato toda vida, não chega a incomodar na sua regravação de La Solitudine, de Laura Pausini. Marillion já teve músicas melhores? Certamente. Mas Beautiful é inofensiva e serviu bem como tema de Fernanda na novela. Po.Lo marca presença com I Want You e logo depois Wet Wet Wet vem com Julia Says. Nobody Else, apesar de ser a faixa que dá título ao álbum de Take That, não foi single. Mas figura bem aqui, na 11ª faixa. Whigfield tocou muito no verão 95/96 com Close to You e lembro disso com clareza. Michael Bolton e Morten Harket, ambos em versão single, fecham o disco com Can I Touch You... There? e A Kind of Christmas Card.



Espero que tenham curtido o post. Em breve, ainda não sei quando, venho com a segunda parte.








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