Hoje a postagem não é em nome da Saladificador, mas em meu nome. Ontem um dos meus melhores e mais queridos amigos inesperadamente morreu. Eu, Heyner Mercado, tive um dos melhores amigos que poderia ter tido nessa vida. Aliás, não tive: tenho. Me recuso a colocar no passado um elo que por tantas vezes me sustentou em momentos que eu mesmo duvidava que iria aguentar.
Ronaly deixou este mundo de maneira inesperada. Não sei mensurar o choque que a partida inesperada me causou. Mas ao mesmo tempo, mesmo diante de tanta tristeza e de tanta perplexidade, eu lembrei de tanta coisa. Nos últimos 16 anos, a presença de Ronaly na minha vida me transformou em muitos sentidos. Porque Ronaly sempre foi essa presença na vida das pessoas: a presença que transforma, que olhava pra gente não pelo que a gente conseguia ser naquele momento, mas pro potencial que nem mesmo a gente sabia que tinha.
Nos últimos anos, me tornei mais cético, mas nunca deixei de reconhecer que Ronaly foi, é e sempre vai ser luz. É isso que ele sempre foi nas nossas vidas.
O que me consola é saber que ao longo desses anos, não houve nenhuma palavra que faltou ser dita. Não ficou nada pendente. Sempre fomos escancarados na admiração mútua.
Nunca vou esquecer das horas que passavam voando enquanto a gente conversava sobre tanta coisa. Certa vez, passamos 13 horas ininterruptas a conversar. Nunca vou esquecer do meu aniversário de 22 anos, em 2008, quando ele me surpreendeu com um presente que até hoje me emociona. Mais que um amigo, sinto que Ronaly foi um irmão que escolhi.
Ninguém morre enquanto é lembrado. E é por isso que eu sei que independente de não estar mais aqui, Ronaly ainda vai viver muito.
Esta coletânea não traz o meu gosto musical, mas o gosto dele. As músicas que ele gostava. Homenagem justa e ainda assim muito pequena diante do ser imenso que ele foi, é e continuará sendo nas nossas vidas.