Saladificador Masters #24: Fogo Sobre Terra: internacional (42nd Anniversary Edition)

atenção: link atualizado em 09/06/2020

Olá, criOnças!

O disco de hoje é a trilha sonora internacional para a novela Fogo Sobre Terra, de Janete Clair, exibida de 8 de maio de 1974 a 4 de janeiro de 1975, em 209 capítulos. Uma trama problemática que, apesar de ter alcançado números satisfatórios de audiência, sofreu inúmeras intervenções e cortes da censura. Janete Clair relatou que certa vez, teve de rasgar 12 capítulos inteiros da trama e ainda assim, cenas que ela escreveu jamais foram ao ar ou sequer rodadas. A exemplo da problemática novela, a trilha sonora internacional conseguiu um bom desempenho nas vendas após seu lançamento em setembro de 1974, mas é um disco feito de uma maneira um tanto improvisada, uma vez que os olhos da censura estavam tão voltados para a novela que isso respingou nas suas trilhas sonoras. O responsável pela seleção de repertório do disco permanece desconhecido - talvez porque ninguém estivesse realmente interessado em assumir a "criança" -, o que não chegava a ser prática incomum à época. O disco abre com a Orquestra Som Livre, sob o famoso pseudônimo Free Sound Orchestra, com a instrumental "La Chanson Pour Anna". Uma abertura no mínimo curiosa, visto que quebrava até mesmo o padrão da época, onde as trilhas sonoras ainda engatinhavam por aqui. Na sequência, Tyrone Davis traz sua versão de "It's All in the Game" e manda bem. Commodores vem com a instrumental - e empolgante, devo admitir - "Machine Gun". A sucessão de equívocos, iniciada pela escolha da faixa de abertura do disco, segue na faixa 4, onde um genérico Jerry Jacks (fazendo cover de Terry Jacks, talvez no pseudônimo menos criativo de toda a história de versões genéricas...) comparece com "Seasons in the Sun", versão em inglês de "Le Moribond", de Jacques Brel. Diana Ross, sempre ótima, vem com "Sleepin'". Outra instrumental marca presença na sexta faixa, com a quase divertida "Tic Tac", com Alarm Clock. Mas de quase, ninguém morre... BJ Thomas fecha o lado A com a bela "I Won't be Following You".
A segunda parte do disco novamente começa com um evidente equívoco: um obscuro Papi - que ainda por cima está creditado no selo do LP como William Hammer, o que deixa a todos nós, reles mortais, um tanto quanto confusos... - vem com a fraca "Don't be Down". Outra instrumental (gente, fala sério: foi praga que rogaram?) marca presença, mas dessa vez ótima: "Rhapsody in White", de Love Unlimited Orchestra, é excelente. No LP da novela, a canção veio erroneamente creditada a Barry White, quando na verdade ele era apenas o condutor e produtor, além de ter composto a faixa. Os canadenses da The Whispers, sempre ótimos, mandam a leve "Can we Love Forever", seguidos por Eddie Kendricks e a excelente "Son of Sagittarius". Bo Diddley comparece na décima segunda faixa com a divertida "Bite You". Confessem, criOnças: quem nunca encarnou Fred Flintstone gritando yabadabadoo ouvindo essa canção? É, eu sei: é impossível não se deixar levar. Na penúltima faixa, temos a linear "I'll Love You Tenderly" com King Lou. Fechando o disco: "Black & Roll", com Max B, pelo menos fecha o disco em saldo positivo. No final das contas, é um bom disco, com uma série de equívocos e tropeços, a começar pela ordem das faixas, que elevaram o sentido de aleatoriedade a outro nível. Apesar disso, vale a pena.

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